Se você já abriu a geladeira e percebeu que os alimentos não estão tão gelados quanto deveriam – ou, ainda, se o freezer demora dias para congelar um simples sorvete – é provável que você esteja enfrentando um problema comum: a falta de gás refrigerante. Mas como saber se o gás da geladeira acabou?
Como técnico em refrigeração, já vi centenas de casos assim. Posso afirmar que identificar esse problema cedo pode salvar seus alimentos e evitar problemas ainda maiores no futuro.
Neste artigo, vou explicar como saber se o gás da geladeira acabou, os sinais que muitos ignoram, as causas mais frequentes e quando é hora de chamar um profissional. Além disso, vou compartilhar dicas de manutenção preventiva que prolongam a vida útil do seu eletrodoméstico.
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Como saber se o gás da geladeira acabou: sinais que não podem ser ignorados
Primeira coisa: o gás refrigerante é o sangue da geladeira. Sem ele, o sistema de resfriamento simplesmente não funciona. Por isso, os sintomas de falta de gás costumam ser claros – apesar de muitas vezes serem confundidos com outros problemas.

Quando falta gás, esse ciclo é interrompido, com os sintomas surgindo gradualmente. Vamos explorar cada um desses sintomas em detalhes abaixo:
Resfriamento ineficiente ou desigual
Uma geladeira com pouco gás pode até gelar parcialmente, mas nunca de maneira uniforme. Você notará, por exemplo, que a parte superior do refrigerador está fria, enquanto a gaveta de legumes está com temperatura ambiente.
Isso acontece porque o gás insuficiente não consegue circular por todo o sistema, criando “zonas mortas” de resfriamento. Um teste prático é colocar um termômetro de ambiente na prateleira do meio e outro no freezer; se a diferença entre eles for maior que 15 °C após 2 horas, há motivo para suspeitar.
Congelador com gelo excessivo ou sem congelamento
Em geladeiras Frost Free, o acúmulo de gelo no freezer é um paradoxo que confunde muitos usuários. A explicação é simples: sem gás suficiente, o evaporador não consegue manter a temperatura estável.
O compressor trabalha incessantemente, gerando ciclos de descongelamento incompletos, o que resulta em blocos de gelo nas paredes internas. Por outro lado, se o freezer não congela nada – nem mesmo um pote de água – o gás pode estar totalmente esgotado.
Compressor superaquecido e barulhento
O compressor é projetado para ligar e desligar em intervalos regulares. Quando falta gás na geladeira, ele precisa trabalhar em dobro para compensar a pressão baixa no sistema. Isso gera um ruído contínuo, semelhante a um zumbido ou ronco, além de calor excessivo na parte traseira da geladeira.
Em casos extremos, o compressor pode queimar, transformando o que seria uma simples recarga de gás de R$300 em um conserto de R$1500 ou mais.

Vazamentos silenciosos: o inimigo oculto
Vazamentos pequenos são os mais perigosos – pois eles podem passar meses sem serem notados, até que a falta de gás se torne crítica. Portanto, fique atento a:
- Manchas oleosas nas tubulações: O óleo refrigerante vaza com o gás, deixando resíduos brilhantes.
- Ferrugem no condensador: A umidade acelera a corrosão em sistemas mal conservados.
- Odor adocicado: Alguns gases modernos, como o R-134a, têm um leve cheiro químico em caso de vazamento.
Por que o gás da geladeira acaba?
Muitos clientes me perguntam: “Mas como o gás some se o sistema é fechado?”. A resposta está nos vazamentos, a principal causa da perda de gás.
Tubulações de cobre ou alumínio podem corroer com o tempo, especialmente em geladeiras antigas ou expostas à umidade. Pancadas durante mudanças, uso de objetos pontiagudos na limpeza interna ou até instalações mal feitas também criam microfissuras.
Outro fator é a falta de manutenção preventiva. Componentes como o filtro secador ou a válvula de expansão acumulam sujeira, prejudicando a circulação do gás e forçando o compressor a trabalhar além da conta. Uma simples revisão anual pode evitar 80% dos problemas que atendo no dia a dia.
A maioria das pessoas acredita que o gás “acaba” naturalmente, mas isso é um mito: em sistemas selados corretamente, o gás refrigerante dura décadas. A perda sempre está ligada a falhas mecânicas ou humanas. As causas mais comuns são:
- Vibrações e Impactos: Geladeiras transportadas sem cuidado (especialmente deitadas) podem entortar as tubulações de cobre, criando microfissuras.
- Corrosão Química: Produtos de limpeza ácidos, como água sanitária, danificam as soldas ao longo do tempo se usados em excesso.
- Falta de Manutenção no Filtro Secador: Este componente remove impurezas do gás. Quando entupido, aumenta a pressão no sistema, forçando vazamentos em pontos frágeis.
- Instalação Incorreta do Termostato: Se o termostato regula mal a temperatura, o compressor funciona em ciclos anormais, causando desgaste prematuro das conexões.
Curiosidade técnica: Em regiões litorâneas, a maresia acelera a corrosão das partes metálicas. Recomendo uma inspeção semestral para quem mora perto do mar.

Testes simples (mas que exigem cautela)
Antes de chamar um técnico, você pode realizar verificações simples para confirmar suspeitas:
- Teste do Toque nas Tubulações: Com a geladeira ligada por pelo menos 1 hora, localize os tubos capilares na parte traseira (geralmente dois tubos finos de metal). Toque-os com cuidado:
- Se estiverem gelados, o sistema está funcionando normalmente.
- Se estiverem mornos ou quentes, há falta de gás ou bloqueio na circulação.
- Teste do Copo de Água: Encha um copo plástico com água e coloque-o no centro do freezer. Marque o nível da água com um caneta. Se após 4 horas a água não congelou ou congelou apenas parcialmente, o sistema está comprometido.
Atenção: Jamais tente recarregar o gás por conta própria. Além do risco de explosão (gases como o R-600a são inflamáveis), a quantidade incorreta de gás danifica o compressor irreversivelmente. Um erro comum é acreditar que “quanto mais gás, melhor”, mas o excesso é tão prejudicial quanto a falta.
Devo reparar ou trocar a geladeira com pouco gás?
Decidir entre consertar ou comprar uma geladeira nova depende de três fatores: idade do aparelho, custo do reparo e eficiência energética.
- Geladeiras com menos de 8 anos: Vale a pena investir em recarga de gás e reparo de vazamentos, desde que o custo não ultrapasse 40% do valor de um modelo novo.
- Geladeiras com mais de 12 anos: Muitas usam gases obsoletos (como o R-12), cuja recarga é ilegal no Brasil. Nesses casos, a troca é obrigatória.

Não deixe o problema se agravar!
Reconhecer se falta gás na geladeira é o primeiro passo para evitar surpresas desagradáveis quando você mais precisa dela. Se notar qualquer um dos sinais que mencionei, aja rápido: um vazamento pequeno hoje pode significar uma geladeira inutilizável amanhã.
Para se aprofundar ainda mais no tema, recomendo o manual de boas práticas da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração), que traz orientações técnicas atualizadas sobre gases e normas de segurança.
E mais: se você precisar de ajuda imediata, saiba que aqui você encontra os melhores técnicos em refrigeração e climatização perto de você! É só filtrar por cidade e escolher um profissional avaliado que melhor atenda às suas necessidades.
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